….e parece que conseguimos adoecer mais ainda.
Desde o primeiro artigo deste tema, observamos uma evolução (ou involução) do ser humano que agora culmina com sua insanidade maior, seu transtorno maior de desatinos de comportamentos enviesados e absolutamente absurdos e incongruentes.
O ser humano do avesso. O certo, agora errado; o agressor, agora a vítima; a lógica, agora insensatez; o silêncio se instala no medo, na impossibilidade de dizer “Não”.
O indivíduo apequenou-se, encolheu e podemos dizer que segue o ritmo de todos, sem questionar o que quer de fato, apenas seguindo o bando, seguindo a maioria para não parecer exceção, medo de ser autêntico, de apoiar-se em si mesmo, de escolher diferente e ter coragem de ser fiel ao que pensa de fato, independente da “turma” que segue e escolhe as mesmas coisas em suas mentes formatadas.
Como o ser humano ficou achatado dentro de tudo isso, a natureza começou a falar em seu lugar.
Um livro chamou-me atenção: “O barulho do fim do mundo” de Denise Emmer. São poucos os livros que leio fora de minha área de trabalho (Psicologia/Psicanálise). Aliás, o título já em relevo grita aos olhos. Os personagens trazem seus transtornos, cada qual com seus mecanismos de defesa, se encolhendo e…. de maneira surpreendente, deixando que as “coisas ao redor” falem e decidam por eles, assim como a natureza que hoje fala por si só e se revolta, num degelo, num tsunami, na maré que se levanta , nas crateras que se abrem, nos vulcões que se rebelam, nos ciclones, nas temperaturas desequilibradas e assim por diante.
A “casa”, personagem no livro, que se revolta. Talvez, sem perceber, a autora descreve exatamente nosso momento de regressão, de anulação e de incongruência. Indico a todos. Leitura intrigante, complexa, profunda e desconcertante, um livro que se enquadra perfeitamente em workshops de Psicologia, pois esse “barulho do fim do mundo”chegou até nós!